Juntos a caminho da Páscoa
Diz uma linda lenda árabe [1], porventura conhecida, que dois amigos viajavam pelo deserto e, chegados a um determinado ponto da viagem pelo deserto, começaram a discutir um com o outro.
O ofendido, sem dizer nada, escreveu na areia:
“Hoje, o meu melhor amigo deu-me uma bofetada no rosto”.
Continuaram a caminhar e chegaram a um oásis, onde decidiram tomar banho. O que tinha sido esbofeteado esteve quase a afogar-se, mas foi salvo pelo amigo. Depois de recuperado, pegou num lápis e escreveu numa pedra:
“Hoje, o meu melhor amigo salvou-me a vida”.
Intrigado, o amigo perguntou:
– Porque é que, depois de te ter ofendido, escreveste na areia, e agora escreves numa pedra?
Sorrindo, o outro amigo respondeu:
– Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever na areia, onde o vento do esquecimento e o perdão se encarregarão de o apagar. Porém, quando nos sucede algo grande, devemos gravá-lo na pedra da memória do coração, de onde nenhum vento do mundo inteiro poderá apagá-lo.
Teve início nesta semana um tempo especial para os cristãos, a Quaresma. Começamos juntos o caminho da Páscoa. Jesus é o Melhor Amigo que passou a vida fazendo o bem juntamente com os seus amigos, foi morto, sepultado e ao terceiro dia ressuscitou, aparecendo a muitos dos seus discípulos para os encorajar a continuar a Sua missão libertadora.
Jesus ensinou como reagir perante a ofensa: perdoar. Por isso morreu na cruz. Vale a pena pensar nisto: tenho tendência a perdoar facilmente ou deixo que o rancor tome conta da minha morada? O que é que tenho escrito na pedra que poderia escrever na areia?
Tempo de Quaresma. Tempo de conversão. Tempo de perdão. Tempo de aceitar o desafio do papa Francisco, isto é, sermos Tutti Fratelli e caminharmos juntos para a Páscoa da Ressurreição.
1) José C. Bermejo
P. Artur Pereira